segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Caminho de Darwin por Robson Ribeiro

Em 1832, Charles Darwin esteve no Brasil e percorreu o litoral carioca numa expedição. Isto mesmo !!.. Eu estava pesquisando um roteiro para percorrer de bike e me deparei com este projeto na internet.

O Projeto, idealizado em 2008 pela Casa da Ciência (UFRJ) foi para comemorar os 150 anos de publicação do Livro "A Origem das Espécies" e o mesmo pode ser visualizado em: Caminho de Darwin

Com base neste projeto, parei e pensei. Porque não fazer este roteiro de bike ?

Passei então a pesquisar mais, e se alguém já tinha feito este trajeto. Então recebi ajuda de uma amiga Cicloturista de Nova Friburgo - RJ (Sheila Mancebo) que já tinha feito este percurso, junto com seu marido.

O próximo passo foi definir o trajeto, com base naquilo que eu achava que iria aguentar a pedalar em um dia (algo em torno de 60km/dia para percursos planos). E ficou definido da seguinte forma:

Ida: Niterói x Itaipuaçú - 38km, Itaipuaçú X Saquarema - 63km, Saquarema x São Pedro da Aldeia – 45km, São Pedro da Aldeia – Costa Azul (Rio das Ostras) – 64km, Costa Azul (Rio das Ostras) x Macaé – 25km, Macaé x Conceição de Macacu – 64km

Volta: Conceição de Macabu x Visconde de Imbé – 48km, Visconde de Imbé x São Pedro da Serra – 65km, São Pedro da Serra x Cachoeiras de Macacu – 59km

OBS.: Km aproximada

Eu decidi fazer o retorno passando por Nova Friburgo, pois a parte do retorno do próprio Caminho de Darwin que passava por Rio Bonito e Itaboraí eu já conhecia e achei também muito perigoso percorrer a BR101.

Diante disto e com os trajetos definidos, parti para a criação dos chamados track logs, ou seja, mapas digitais para serem usados no gps do celular.

Para isto usei o site bikemap.net, recriando todas as rotas já pesquisadas e inserindo pontos de informações importantes, tais como as placas a serem visitadas e em seguida baixei as planilhas para serem usadas no aplicativo OuruxMaps.

Confira abaixo o diário de bordo desta aventura.

Niterói x Itaipuaçú (Maricá)
43,4km - 4hs 12min - 579mt

Neste dia, pra dizer a verdade quase não dormi direito. Estava chovendo e sinceramente pensei em adiar a viagem, mas como já estava tudo marcado e principalmente com algumas reservas de pousadas, seria complicado remarcar tudo. Então levantei já em cima da hora que tinha marcado com meu amigo Zé Maria, que iria me levar até Niterói para iniciar o trajeto.

Tivemos um pouco de dificuldade para colocar a bike no transbike, pois eu já tinha arrumado os alforges na bike, e como o meu é um pouco antigo ficaria complicado tirar, devido ao fato de serem de fitas e levaria em torno de 1 hora para recolocar na bike quando chegasse em Niterói.

Então alocamos tudo do jeito que deu e partimos com quase 1 hora de atraso. A chuva tinha parado mas no caminho voltou, e tivemos que parar para colocar as capas no alforge e bolsa de guidão.

Ainda durante o percurso tivemos que arar algumas vezes para verificar se estava tudo ok, pois a bike junto com a bagagem estava pesando um pouco e estávamos achando que o transbike não iria aguentar o peso, mas no final das contas deu tudo certo e conseguimos chegar na estação das barcas.

Tiramos tudo do carro rapidamente, pois ali não era permitido parar para desembarque de cargas, mas deu tudo certo.

Aguardei um pouco meu amigo Claudio Forte chegar, pois neste percurso ele iria me acompanhar. Continuava chovendo, coloquei a minha capa de chuva de 1 real, e assim que ele chegou, partimos para esta aventura com chuva e tudo. Mas pensei... todo mundo deve estar me achando doido por estar pedalando na chuva....e para minha surpresa fiquei admirado. Lá em Niterói não tem nada disto não, com chuva ou sol, todo mundo está se mexendo. Pedalando, caminhando, correndo, etc... Fiquei admirado...

Iniciamos o percurso pelo Caminho Niemayer, ou ciclovia Niemayer, que diga-se de passagem, tem uma paisagem exuberante, mesmo sendo para um percurso urbano.

Passamos no  disco Voador (assim mesmo que eu chamo kkk) e prosseguimos pela orla até chegamos à famosa subida da estrada da Cachoeira, na qual me falaram que era MUITO perigosa e pra ter cuidado, mas sinceramente foi muito tranquilo pois dava pra subir pela calçada, mas é lógico que com peso eu não ia subir pedalando, então bora empurrar a bike kkk..

Prosseguimos e chegamos à Igreja de São ?Sebastião de Itaipu (Igreja Matriz de Niterói), tombada pelo Patrimônio Histórico em 1978 e datada de 1716 e hoje administrada pelos Padres Palotinos.


  • "Os Palotinos ou Padres Palotinos (S.A.C.) são uma sociedade de vida apostólica da Igreja Católica Apostólica Romana fundada em 1835 com o nome de Sociedade do Apostolado Católico (societas apostolatus catholici) pelo Padre Vicente Pallotti, declarado santo, durante o Concílio Vaticano II, pelo Papa João XXIII em 20 de janeiro de1963."


Após a Igreja, já encontramos a primeira placa indicativa do Caminho de Darwin e aí realmente me dei conta que estava viajando de bike.

Encaramos a subida do Vai e Vem com muita lama. Estava bem escorregadia e não estava nem conseguindo empurrar a bike direito, mas com muita calma e paciência consegui chegar ao topo. E é lógico que como o Claudio já estava acostumado com o caminho, subiu pedalando kkkk.

Logo após a descida, avistamos a primeira placa comemorativa do Caminho de Darwin, localizada na fazenda Itaocaia, que hoje é uma pousada. Mas foi uma pena não estar aberta a visitação neste dia...

Tiramos várias fotos e partimos para o destino final que era achar a pousada...

Já estava batendo uma fome danada e não conseguimos achar um lugar pra almoçar e paramos no primeiro restaurante que achamos. E para surpresa, só tinha cozidos. Pela primeira vez vi um restaurante que só servia cozidos. Fazer o que né ?..

Chegamos na pousada em e despedi do meu amigo neste primeiro dia de viagem. Mas quem disse que a aventura tinha acabado ? Lavei as roupas que estavam sujas de lama e não passou uns 20 minutos, desabou agua. E com muito vento também. Me recolhi e quando estava indo tomar um banho faltou energia elétrica... e foi assim que terminou o primeiro dia.. .sem energia elétrica na pousada...




Itaipuaçú (Maricá) x Saquarema
64,24km - 5hs 42min - 107mt


O segundo dia iniciou bem cedo, para preparar tudo e também para procurar um lugar para tomar café, pois a  pousada não oferecia este serviço. Mas ainda estava chovendo e com isto as roupas do dia anterior não haviam secado e com isto utilizei o segundo conjunto de roupas.

Durante o trajeto saindo de Itaipuaçú peguei muita chuva e vento, o que dificultou um pouco a pedalada. Parecia que não ia aguentar e o vento era todo ele contra e às vezes lateral. O mar estava com ressaca e assim não pude dar aquela caidinha...kkk. Haviam também muitas nuvens negras no céu e isto era sinal de muita chuva.

Durante todo o percurso tive que usar as capas de chuvas nos equipamentos, o que dificultou um pouco a navegação por gps, pois o plástico da capa atrapalhava a visibilidade no celular. 

Ventava muito e a minha "capinha" de chuva rasgou. Procurei um abrigo imediatamente para não pegar muita chuva e lembrei-me que tinha levado um saco preto de lixo. Nesta hora tive que improvisar e cortei, criando uma espécia de cinto e amarrei na cintura para prender a capa de chuva.

Em determinado momento, tinham muitas poças de lama e desacelerei, mas me descuidei e "comprei meu terreno" (levei um tombo) quase chegando em Araruama, mas por sorte, ou azar, caí dentro da poça, e fiquei parecendo o duas caras do filme do Batman. Uma metade do corpo sujo de lama e outro não kkk...

Com muita dificuldade cheguei a Ponta Negra, e o visual foi muito compensador. Fiquei ali por quase uma hora admirando a paisagem, descansando e tirando fotos.



Depois segui viagem por um caminho muito esquisito, e até hoje não entendi o que era aquilo, um caminho abandonado e totalmente deserto, e o calçamento era daqueles antigos, feito de pedras hexagonais. E contornavam Ponta Negra até o outro lado.

Depois de muito tempo, finalmente achei um lugar para almoçar. E seguindo viagem cheguei, na segunda placa do percurso, que ficava em Saquarema.

Após este trajeto, tive o primeiro furo de pneu e por sorte foi o dianteiro. Mas o dia tava sinistro. Consertei o pneu e percorri uns 10 km, quando tive a primeira quebra de corrente.

Levei quase 1 hora pra consertar, pois não tinha muita experiência, e segui viagem com destino a casa do meu amigo Luiz Antonio, mas ao chegar no centro de Saquarema a corrente quebrou novamente e então localizei uma loja de bike e providenciamos a troca da mesma.




Saquarema x São Pedro da Aldeia
56km - 4hs 38min - 280mt


Saindo de Saquarema, peguei uma subidinha de asfalto chatinha, e de repente fui abordado por um carro branco, destes tipo saveiro. Parou exatamente do meu lado e fiquei assustado e de dentro do carro o rapaz mandou a letra: Você era percussionista na Igreja do Pastor Marcos Santarém em Cachoeiras de Macacu ?... Rapaz, eu não sabia o que responder. Então ele disse, eu vi a camisa vermelhina da Ciclomacacu e lmbrei de voçê la na Igreja.. Daí começamos a conversar e olha a ironia do destino !!! Na verdade o rapaz é irmão do Fabrício, que é cunhado de Ramon.... Ufa !!! Aí fiquei aliviado... Parei e pensei, eita mundo pequeno...kkk

Voltei a pedalar e logo peguei uma estradinha de terra batida, mas como havia chovido muito no dia anterior, tinha muita lama. Em determinado momento, me vi numa situação aterradora. Um lamaçal danado, tipo brejo. E fiquei sem alternativas para passar e não teve jeito, tive que encarar a lama.

Levei uns 30min para atravessar o  trajeto que dava uns 200mt. A bike atolou diversas vezes. Daí peguei um galho de árvore (fino) e usei como tábua, eu andava no galho e desatolava a bike (que nesta hora devia pesar uns 200kg kkk).




Depois disto tudo, cheguei a mais uma placa do Caminho. Me parecia que era uma antiga estação de trem, mas não tinha nada escrito.


Prossegui viagem, passando por uma lagoa, mas confesso que fiquei muito chateado com o que vi, pois a paisagem era muito linda, mas olhando a água de perto, dava pra perceber nitidamente a água totalmente poluída. Mas enfim, temos que fazer nossa parte...

Chegando em São Pedro, por um descuido meu ao fazer os mapas, me perdi e fui parar em um lugar totalmente diferente do que tinha planejado. Entrei em contato com a pessoa que ia me receber e me informei, ou seja, teria que pedalar mais 10km até chegar ao local.

Chegando ao local indicado, me perdi novamente, parei para pedir informações. De repente parou um carro preto do meu lado e escutei aquele Fala ai Robinho kkkk, era meu amigo Rafael, que também pedala aqui em Cachoeiras na Ciclomacacu. Disse o que tava acontecendo e ele me guiou até o local correto. Me despedi dele e assim finalizei o pedal do dia...




São Pedro da Aldeia – Costa Azul (Rio das Ostras)
56,6km - 4hs 21min - 209mt 


Saindo de São Pedro da Aldeia, segui com destino à Casa da Flor, para fazer uma visitação. Em determinado momento escutei um barulho absurdo de helicópteros e olhando pra cima vi um comboio com mais de 10 aeronaves. Bolei.. Caraca, na zuação, porra.... tô sendo escoltado por helicópteros kkkk....

Chegando na Casa da Flor, a mesma estava fechada, mas dei sorte que a pessoa que tomava conta estava no local, mas quando ele foi abrir o portão, percebeu que tinha esquecido a chave dentro do casado, que estava no gramado do terreno. Perguntei: e agora ? Ficamos mais de 30min tentando abrir o local. Ele arrumou uma vara de cano de pvc com uns 6 metros de comprimento para tentar fazer uma pescaria do casaco, mas não deu certo. Tentamos também pular o muro mas também não deu certo. Então ele deu a volta no terreno, pegou uma tesoura de cortar grama e cortou o muro de cerca viva que  ficava atras da casinha. Abriu o portão e eu entrei.

Neste momento, tive uma aula de história, engenharia, poesia e principalementee de lição de vida.

Casa da Flor em São Pedro da Aldeia:  Sr Vivi, sobrinho do Sr Gabriel e atual Curador.





Passado este devaneio histórico e cultural, segui viagem em busca de mais uma placa do caminho, sendo localizada na fazenda de Campos Novos.

O local é um pouco difícil de achar, pois é necessário fazer um desvio na rota. Mas nada que não pudesse ser feito. Foram 2 ou 3 km até chegar ao local.

E assim, segui viagem até a próxima placa... que ficava em São João da Barra...

Neste trecho, foi muito bacana, porém um pouco cansativo. Encontrei retas intermináveis e pude agilizar um pouco mais o pedal com um ritmo de velocidade média maior. O bom é que na maioria dos trechos existiam ciclovias na rodovia principal.

Chegando em Barra de São João, localizei a placa, que fica às margens do rio São João. E lá tem uns decks na beira do rio na qual apreciei um entardecer maravilhoso.


Finalizei o dia chegando na pousada na praia de costa azul.




Costa Azul (Rio das Ostras) x Macaé
25,5km - 2hs 15min - 115

Iniciando o pedal neste dia pensei... vai ser molezinha, só 25km hoje... kkk... Que nada, puro engano. Talvez tenha sido os 25km mais desgastante do percurso.


Eu optei em fazer pela rodovia e não passar em Mardo Norte, pois ali seriam 10km empurrando a bike na areia da praia. Porém indo pela rodovia é mais perigoso. Na maioria delas e principalmente quando está chegando em Macaé, não tem acostamento, e o pouco espaço que há, é muito mal cuidado, com matos altos.

Parei um tempo para observar o trânsito e vi que, com alforge e peso, seria mais prudente não pedalar nestes trechos. Um simples toque de um carro no alforge poderia causar um acidente.

A maioria dos motoristas entravam na pista "comendo curva" e seria fácil tocarem no alforge. Porém, perto da lagoa, a cada 10 ou 20 metros sempre tinha uma canaleta para escoamento de água da chuva, o que tornou mais difícil ainda. Era empurrar a bike e pular obstáculos.. Mas tinha que ser feito desta forma, era isto ou pedalar numa pista com motoristas imprudentes e sem acostamento.

Em determinado momento, avistei a linha férrea, atravessei a pista e segui pela linha até quase chegar em Macaé.

Um pouco mais adiante já encontrei um ciclovia e segui até a pousada. Este dia foi sem atrativos, mas não pude deixar de notar a poluição que tomava conta da lagoa.



Macaé x Conceição de Macabu
48,3km - 3hs 23min - 587mt

Acordei cedinho, tomei café e parti... Neste dia, a coisa já começaria a ficar "feia". Seria, basicamente o último dia do percurso do Caminho de Darwin, e com agravante do peso dos alforges e da altimetria. E foi por isto que decidi começar cedo.

Saindo da pousada,  já de cara, deu pra pegar a ciclovia, que por sinal é muito boa, e fui até o centro, na qual estava localizada a placa. 

Chegando lá, parei para tirar fotos, e as pessoas curiosas vieram falar comigo. ?E como sempre, fazendo aquelas perguntas: Tá vindo de onde ? Vai pra onde ? etc... Mas isto é muito legal e assim aproveito para pedir as pessoas para tirar uma foto, pois quando se viaja sozinho neste tipo de aventura, raramente da pra tirar uma foto junto com a magrela...kkk, então olha eu aí com ela...


Saindo de Macaé e pegando a rodovia, encarei incontáveis subidinhas e para não me desgastar, usava a regra de pedalar somente nas subidinhas mesmo, e nas maiores, empurrava a bike.

Depois de um certo tempo pedalando, me deparei com uma subida um pouco maior e localizada totalmente no meio do nada, com um paisagem exuberante, e vendo ao fundo, a cidade de Macaé ficando para trás.

Ventava muito, e para tirar a foto da magrela foi bem difícil. Sempre era derrubada pelo vento. então no final das contas, encostei mesmo na cerca para tirar a foto...

Em determinado momento, percebi que estava com muita fome, e eu estava simplesmente no meio do nada. Mas isto não seria problema pois tinha levado as "mariolinhas". Mas, mesmo assim, fiquei preocupado, pois estrada era simplesmente deserta.

Depois de algum tempo pedalando, achei um restaurante, tipo um sítio, que dizia "Comida Caseira". Não pensei duas vezes. Tava meio deserto, sem ninguém. Perguntei o valor e o atendente me disse R$ 19,00 e era por porções e faziam tudo na hora. Não teve jeito e pedi. Fiquei uns 30min com uma fome danada. Quando chegou a refeição tive uma baita surpresa. A porção deles dava para umas 3 pessoas. Falei pra ele que tinha muito e perguntei se o que sobrasse poderia colocar na quentinha e ele disse que sim. Depois ele me informou que ali era uma parada de caminhoneiros e foi assim que entendi o porque de tanta comida na porção..

Me alimentei bem, e quando terminei, descansei um pouco. Pedi que colocasse na quentinha somente o aimpim frito, pois o resto, obviamente iria estragar. 

Me despedi deles e já ,de cara, peguei subida. Fazer o que né. A esta altura, estava em busca da última placa do percurso, que situava-se na fazenda Sossego em Conceição de Macabu.

Para chegar nesta placa, havia um desvio da rota de aproximadamente 20km. Localizei o desvio e fui seguindo. Mas aí veio a grande dificuldade. Era um trecho de terra batida, com muitas fazendas, e não se via viva alma. Pedalei aproximadamente uma hora só vendo boi e vaca, parei para descansar e reidratar e minha água tinha acabado. Ou seja, eu tinha duas garrafas na bike e duas de reserva no alforge. Mas todas tinham acabado pois no trajeto, depois do restaurante de caminhoneiros não achei pontos para abastecer.

Continuei pedalando e no meio do nada, eis que surge uma escola municipal, e por sorte ainda haviam pessoas lá depois da aula da parte da manhã. Não tive dúvidas, parei e pedi água, mas deu pra perceber que as senhorinhas ficaram meio desconfiadas. Então expliquei que estava percorrendo o Caminho de Darwin e iria até a fazenda sossego. Pra minha surpresa elas me informaram que não é a primeira vez que param lá pra pedir água...kkk

Só assim elas menos desconfiadas e no final de tudo, abasteci as 4 garrafas de água e de quebra filei um prato de merenda que me ofereceram... era um sopão...

Cheguei até a placa e senti uma emoção indescritível. Pensei em tudo e todos que me ajudaram... foi muito emocionante.

Depois parti para conceição de Macabu...



Retorno

Conceição de Macabu x Visconde de Imbé
46,2km - 4hs 36min - 1.373mt

Meus amigos, foi neste trecho que o bicho pegou, a cobra fumou, o filho chorou e a mãe não viu etc..

Com um percurso de incontáveis subidas, parti rumo ao destino, mas antes visitei uma placa comemorativa do Caminho de Darwin, que foi colocada na praça no centro da cidade.

Este percurso era o meu retorno para Cachoeiras de Macacu, e não faz parte do Caminho Original. Eu tomei esta decisão pois eu já conhecia os trechos de Rio Bonito e Itaboraí.

Mas é um percurso muito complicado, com subidas íngremes e a pista sem acostamento e com muito mato alto do lado das pistas. Então novamente tive que optar em empurrar a bike por motivos de segurança. E ficava muito atento, pois sendo a pista pouco usada, empre que escutava barulho de motor eu entrava no matinho e esperava o carro passar e nas curvas mais acentuadas eu empurrava a bike correndo. Se viesse algum carro com certeza daria problemas.

A foto ao lado mostra claramente como era o espaço disponível na pista e como eu tinha que fazer  quando vinha carros.



Mas foi numa destas, que acabei furando o pneu, e por uma infelicidade foi o pneu traseiro. E com alforges, foi mais difícil ainda para trocar, pois não seria fácil para tirá-los rapidamente (o meu é de um modelo antigo, amarrado por fitas), então tive que improvisar mesmo. Soltei a blocagem do canote para dar uma flexibilidade no bagageiro e coloquei a bike de ponta cabeça para efetuar a troca da câmara. Como tinha uma reserva só fiz a troca, e o furo seria remendado no hotel.

Com a câmara trocada, cheguei ao topo da montanha e comecei a descida. vi no ciclocomputador a velocidade de 60km/h (depois confirmado no strava), mas algo estava errado. A bike estava dando pulinhos, como se tivesse passando em lombadas. Parei para olhar e na hora não percebi nada. terminei então a descida de uma forma mais cautelosa e parei para almoçar.

Perguntei a moça do restaurante se aquela era a única subida. Fui informado que tinha uma outra mais ingrime e pior. Mas fazer o que ? Fui bem cauteloso, venci a subida e desci para chegar em Trajano de Morais.

Cheguei em Trajano por volta das 17:30hs mas não tinha mais nada aberto e a única loja de bike da cidade também já estava fechada. 

Faltavam apenas 11km para chegar em Visconde de Imbé. Verifiquei novamente a bike e desta vez notei que o problema era no alinhamento do pneu. Tinha uma espécie de calombo.

Chegando no hotel, gravei um vídeo e mandei para a equipe de apoio dar uma olhada. o Ramon Cunha e Jonatham me passaram umas orientações e fiz o que me foi pedido, porém não resolveu o problema.

Como os dois dias seguintes eram de muita altimetria, e também com muitas descidas, em comum acordo com a equipe de apoio, decidimos que seriam melhor efetuar o meu resgate lá em Visconde de Imbé.

Num primeiro momento fiquei triste, mas o objetivo tinha sido alcançado, que era percorrer o Caminho de Darwin.

Posteriormente foi constatada que aquela foi a melhor decisão, pois ao chegar em Cachoeiras foi verificado o estufamento do pneu traseiro e rachaduras no pneu dianteiro, sendo necessário a troca dos pneus.

Descansei em Visconde de Imbé no domingo e na segunda feira fui resgatado pelo meu amigo Zé Maria, e assim terminamos esta aventura.

Segurança acima de tudo...

Dados Gerais do percurso e extras

Niterói x Visconde de Imbé - 21/08/2016 a 27/08/2016
340,2km - 29hs 7min - 3.250mt altimetria





Lamento

Aproveitei a viagem para fazer um registro das coisas ruins que vi no percurso, e tambpem para fazer uam auto reflexão do que o homem anda fazendo com o planeta que vive.

Pare... pense... e reflita.... Este é o mundo que queremos para nossos filhos e netos ?

Teremos um lar daqui a uns 50 ou 100 anos ?






Agradecimentos

Equipe de Apoio: Jader Dias, Paulo Ventura, Ramon Cunha, Simone Ribeiro.


Agradecimentos Especiais: Claudio Forte, Jonathan, Luiz Antonio, Paula Forte, Rafael, Sheila Mancebo, Tio Helinho, Tia Paulina, Zé Maria.


Casa da Ciência: http://www.casadaciencia.ufrj.br/




Mapas e Track Logs para Download



Hospedagem

Pousada Amore Mio: Rua 36 Lot 58 Qd 110 Jd Atlântico - Itaipuaçu / Maricá – RJ - Tels: 21 2638-8561 / 21- 99439-5707 

Av. Gov. Roberto Silveira, 319 - Costa Azul, Rio das Ostras - RJ - Tel: 22-2764-3388

Pousada DorminnR. Prof. Gusmão, 183 - Praia Campista, Macaé - RJ - Tel: 22-2770-5019 / 99913-5489

Pousada ParadiseR. Esmeraldo Alfenas da Fonseca 108 – Paraiso - Conceição de Macabu - RJ - Tel: 22-2779-1934

11 comentários:

  1. Robson, eu já era seu fã mas agora você me surpreendeu! Parabéns pela coragem e organização! Muito legal o texto : parecia que eu estava lá ! Obrigado pela fascinante aventura!

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  2. Sensacional a realização de tamanha excursão! Parabéns pelo espírito de aventura, pela técnica e disciplina.

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  3. Sensacional a realização de tamanha excursão! Parabéns pelo espírito de aventura, pela técnica e disciplina.

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  4. Salve Robinho!
    Nossa! Eis aí mais um bravo cicloturista fluminense!!! Incrível viagem, belíssima postagem, ótimas reflexões...perfeito!
    Caríssimo, pude viajar um pouco com você por essa belíssima postagem. Gostei da bravura de seguir caminho apesar da chuva e das adversidades e as reflexões...exatamente: que mundo queremos?!
    Robinho, parabéns pelo feito e gratidão por compartilhar suas experiências conosco.
    Um saudoso abraço.
    Clair.

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    1. Fala meu amigo, vindo de vc estas palavras me sinto muito honrado... vc também nos inspira a continuar.

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  5. Salve Robinho!
    Nossa! Eis aí mais um bravo cicloturista fluminense!!! Incrível viagem, belíssima postagem, ótimas reflexões...perfeito!
    Caríssimo, pude viajar um pouco com você por essa belíssima postagem. Gostei da bravura de seguir caminho apesar da chuva e das adversidades e as reflexões...exatamente: que mundo queremos?!
    Robinho, parabéns pelo feito e gratidão por compartilhar suas experiências conosco.
    Um saudoso abraço.
    Clair.

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  6. Parabéns, já fiz o percurso até Saquarena, obrigado por poder completar junto à sua narrativa essa maravilosa viagem.

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  7. Que bacana Robson!!! Parabéns! Acho muito bacana esses trajetos, passar por lugares legais e curiosos, isso é colocar na bagagem da vida um montão de experiências únicas. ;)

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  8. Robinho li tudo muito maneiro, muito maneiro, a sua descrição dos locais das diferenças de estradas e desafios,muita coragem.parabens

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